Andando pelas ruas do centro da cidade, talvez você aviste uma das dez unidades da rede Poke Poke: ela é o maior expoente paulista do poke como comida para ser replicada, no modelo fast casual – uma mistura do fast food com o casual dining, espécie de restaurante descontraído.
O negócio surgiu há um ano e meio. “Um conhecido nosso viajou para o Havaí, apreciou a culinária e trouxe a ideia para o Brasil. Nos juntamos e montamos um quiosque piloto, no Shopping Top Center [centro de São Paulo]”, conta Marcelo Chinen, um dos sócios do Poke Poke. Compõem também o quadro de fundadores João Chinen e Karin Sato.
No começo, o público chegava ao empreendimento por curiosidade. Por meio do boca a boca, em três meses o negócio chegou a um fluxo considerável de consumidores. “Já começamos a cogitar outra operação. Ampliamos o primeiro quiosque, que virou uma loja, e abrimos outro quiosque no Shopping Eldorado, na zona oeste.”
Poke do restaurante Poke Poke (Poke Poke/Divulgação)
Hoje, o Poke Poke possui quatro quiosques e seis lojas próprias em operação – nove delas em São Paulo e uma em Santos. Em média, cada unidade atende de 150 a 200 clientes todos os dias, com um ticket média de 36 a 39 reais. O campeão de vendas é o restaurante no bairro do Morumbi, aberto há apenas um mês e meio.
O poke representa de 90 a 95% das vendas, a depender da unidade. Além desse carro-chefe, que é servido em bowl ou empratado, a rede oferece pratos com frango e salmão grelhados, para atender o público que não aprecia os peixes crus.
“O nosso maior desafio até agora foi justamente formar uma equipe, diante do crescimento acelerado. Hoje, temos uma estrutura melhor para atender tanta demanda: contratamos três supervisores formados em Nutrição para administrar as unidades, o que inclui oferecer nosso kit padronizado para a montagem dos pokes”, afirma Chinen.
Até o fim de 2017, o Poke Poke irá abrir outras cinco unidades. Para o primeiro trimestre de 2018, a meta é chegar a 30 restaurantes em operação.
Restaurante do Poke Poke, no centro de São Paulo (Poke Poke/Divulgação)
“Não acho que o crescimento do poke estacionou. O movimento continua ascendente e, a cada loja que abrimos, temos uma surpresa. Lançamos agora uma campanha nas redes sociais para a prévia de uma loja no Rio de Janeiro e já obtivemos uma boa resposta”, diz o sócio.
Apesar da análise positiva, não está nos planos do Poke Poke franquear o modelo de negócio. “Quando montamos o empreendimento a gente pretendia franquear, mas ficamos com um pouco de receio. Temos 2.500 pedidos de franquia, mas temos visto algumas operações franqueadas que não estão dando certo. Preferimos ficar com lojas próprias.”
O restaurante Hi Pokee é um dos concorrentes do Poke Poke, inclusive em localização – está na rua Augusta, a menos de dois quilômetros do Shopping Top Center.
O negócio surgiu há um ano e meio, assim como o Poke Poke. Antes de empreender com culinária havaiana, os sócios Gabriel Fernandes e Raví Leite já haviam aberto uma sorveteria. Ambos trabalham com gastronomia desde os 17 anos de idade e criaram o Hi Pokee a partir de uma análise de mercado.
Prato Mix do Mar, do Hi Pokee (Santiago Almeida/Hi Pokee/Divulgação)
“Vimos no Poke alguns aspectos que poderiam apontar para o sucesso: em São Paulo há uma adoração pela comida japonesa, e o prato possui essa influência asiática. Depois, o fato de ser comida havaiana poderia gerar curiosidade e atrair os primeiros clientes. No fundo, todo mundo tem um pouco de curiosidade em conhecer o Havaí e saber o que eles comem”, diz Fernandes.
Munido com tal percepção, Leite viajou aos Estados Unidos e estudou como o poke era servido em estados como a Califórnia. Uniram-se aos cozinheiros os sócios Lucas Mattara e Miguel Meister Neto.
O Hi Pokee optou por ter uma arquitetura minimalista na casa, trazendo o logotipo para dentro do negócio e adotando tons cinzentos, ressaltando as cores dos pratos. No local, o cliente pode montar o próprio poke em sua própria mesa ou pedir uma sugestão do chef.
“Não tivemos grandes investimento e nossa localização é um pouco escondida. Por isso, demorou cerca de seis meses para começarmos a ter resultado”, afirma Fernandes. “Mas nossa taxa de retorno é bem alta: começamos a ver caras conhecidas trazendo novas pessoas. Tivemos um marketing natural.”
A casa atende 100 clientes por dia, com um ticket médio de 43 reais. Fernandes afirma que a casa possui um movimento estável, mas satisfatório. “Nosso espaço está no limite de atendimento. Queremos abrir mais duas lojas em 2018.”
Restaurante do Hi Pokee, no centro de São Paulo (Luciane Sakon/Hi Pokee/Facebook/Reprodução)
Para Fernandes, quem resolver apostar no negócio a partir de agora terá mais dificuldade de se inserir no mercado.
“Quem entrou neste ano está em uma situação melhor, já preparado para um provável aumento do consumo no próximo verão. Também é preciso ter cuidado em querer entrar no ramo por parecer uma moda fácil: creio que o consumo irá se estabilizar e não será tão intenso na vida do paulistano em breve. Só irá permanecer quem manter bons processos e produtos, mantendo um público cativo.”